Monday, June 22, 2009

O Cruzeiro e seus times mistos

Ora, veja só, o Cruzeiro perdeu de novo, e de novo com "time reserva", "mistão", "time misto", "com a cabeça na Libertadores". É sempre assim agora? O que fazem os titulares desse time que só joga com reservas?

A estratégia da imprensa pra ocultar os defeitos do Cruzeiro - que vez ou outra consegue jogar bem - é essa de justificar todas as derrotas com essa desculpa do "time misto". Repare que ontem o Cruzeiro foi humilhado em casa pelo Barueri, mas continua sendo um dos grandes candidatos a todos os títulos do país, do continente e do universo, um time irrepreensível, incomparável, imbatível, muito forte mesmo, e com um dos melhores elencos do país.

Domingo o Cruzeiro jogou com três desfalques. Jogar sem três titulares é jogar com time misto? O Cruzeiro jogou com Fábio; Jancarlos, Léo Fortunato, Anderson e Vinícius; Marquinhos Paraná, Jonathan, Fabinho e Wagner; Wellington Paulista e Wanderley. Sem os titulares Kleber,Henrique e Gerson Magrão, que, à exceção do marginal, não são lá tão craques assim, digamos.

O Cruzeiro tem um ótimo elenco? Que desgraça de elenco é esse que não consegue suprir as ausências de três titulares nem num jogo contra o Barueri?

Usando esse raciocínio, que surpresa, o Atlético jogou domingo contra o Santos com time misto também, pois estavam faltando Júnior, Thiago Feltri e Leandro Almeida. Impressionante o que um time - segundo a imprensa - sem elenco, e que jamais suportará o Brasileirão todo com um elenco tão ruim, consegue fazer contra o forte Santos na Vila Belmiro.

Wednesday, June 10, 2009

Márcio Araújo

Todo mundo sabe que um só jogador não faz um time e que qualquer relação que se tente estabelecer entre o desempenho de um jogador e o de um time tem chances quase nulas de estar correto, e todo mundo sabe que essas chances caem muito quando o jogador em questão é um volante corredor, mas limitado, e que nunca foi astro de time nenhum e jamais recebeu qualquer proposta milionária ou teve um gol eleito como o "da rodada", mas todo mundo também sabe que quando Márcio Araújo joga, o Atlético joga. E esse dado da realidade, quando tenta dizer alguma coisa, diz menos que Márcio Araújo faz o time jogar do que o contrário, mas no fim das contas todo mundo sabe que é só uma coincidência boba.

Pois bem, Celso Roth fez o time do Atlético jogar. Fez o time do Leão "com o prazo vencido" voltar a jogar bem, e dessa vez não contra Uberaba ou Social, mas contra Grêmio e Sport (não que sejam times, assim, fortíssimos, mas disputam a invencível Copa Libertadores da América) e fez o time que perdeu de cinco do Cruzeiro viceliderar o Campeonato Brasileiro (um campeonato forte, convenhamos, não tão forte quanto a intransponível Copa Libertadores, mas forte). E o que fez Celso Roth? Colocou o Márcio Araújo pra jogar.

Com Leão, Márcio Araújo alternava suas funções com Carlos Alberto: quando um estava marcando no meio-campo, o outro estava cobrindo o grande buraco deixado por Júnior na lateral esquerda. Quando sobrava algum espaço, um deles avançava. Com essa divisão de funções, me parece que tudo era malfeito, nem Carlos Alberto nem Márcio Araújo conseguiam marcar direito e muito menos ofereciam algum risco quando iam ao ataque. Roth escalou Thiago Feltri, jogador que ataca e defende muito bem - e realmente defende, ao contrário de Júnior - na lateral esquerda, liberando um dos marcadores, e colocou Jonílson, um marcador decente, no meio-campo, no lugar de Carlos Alberto. Com isso, acabou com a divisão de funções: Jonílson marca, Márcio Araújo conduz a bola para o ataque. Quando sobra algum espaço, é Renan que tenta avançar, mas aí fica por conta da sorte.

A diferença é que, como meio-campista primordialmente ofensivo, Márcio Araújo tem ido muito bem todos os jogos. Sem ter de se concentrar em marcar e atacar, pode se preocupar em correr e dar tudo de si em um único lance, como no gol de Tardelli contra o Atlético Paranaense. O resultado do sistema de Roth é um time melhor e - como diria Tite - mais equilibrado e um Márcio Araújo totalmente indispensável.

Um delírio

O Atlético venceu Sport e CAP fora de casa.
O Atlético está reforçando Sport e CAP.

O Atlético está reforçando, de graça, os clubes que já venceu no Campeonato Brasileiro de maneira que eles possam arrancar pontos dos outros clubes - os que disputam e disputarão posição diretamente com o Atlético. Além de se livrar dos salários dos jogadores e os colocarmos em evidência na titularidade dos outros clubes, o Atlético ainda arranca, de maneira indireta, pontos dos rivais na disputa pelo título.

Nunca é demais lembrar o que Celso Roth disse: O Atlético vai brigar pelo título. Sim, sou otimista, porque futebol é pra dar alegria, não preocupação. E quem é "realista" não sabe em que tipo nefasto de pessimisto está incorrendo.

a voz do porteiro

Não é mais cedo pra falar: Alexandre Kalil é o presidente de que o Atlético precisava.

Quando se cogitava a candidatura de Kalil, ouvi várias opiniões de vozes supostamente mais bem informadas e sensatas do que "a massa" que diziam: "Kalil já endividou o Atlético e vai endividar mais", "O Sérgio Bias Fortes é um ótimo administrador sei-lá-do-que", "Kalil é o candidato do Ricardo Guimarães, ele vai ser só um fantoche". Cheguei até a pensar  - mesmo com uma vontade emotiva de ver o Kalil presidente - que pudessem estar certas, já que pareciam ter mais credibilidade e informação do que nós, agoniados torcedores atleticanos totalmente alheios à política do clube.

Mas quando ouvi, de um colega, o relato de que o porteiro do prédio onde morava enchia os olhos de lágrimas só de pensar na hipótese de ver Alexandre Kalil presidente do Atlético, mantendo fé inabalável na idéia de que o turco era a solução de todos os problemas alvinegros, concordei com ele que não importava se Kalil era candidato de Ricardo ou de Fulano ou já havia endividado o clube, o que importava era a alegria do torcedor, a possibilidade de se ter novamente esperança, a alegria de torcer, mesmo sem a certeza da vitória. Devíamos uma chance a Kalil justamente por ser ele a representação de toda essa esperança atleticana.

Está aí o resultado: Alexandre Kalil tirou o Clube Atlético Mineiro de um poço de vergonha e desprestígio para elevá-lo ao topo da tabela do Brasileirão. Faz o resto do país ter que falar do Atlético e novamente respeitar o Atlético, mesmo que ainda não tenha certeza do que é consistente ou não nesse time. Está fazendo a imprensa mineira ter que engolir o que fala do Atlético a cada jogo. Não ostenta seu título de presidente do maior Clube do mundo com vaidade, apenas com orgulho de um atleticano sério. Não respeita babaquice. Realiza um trabalho sério e competente e mostra que entende de futebol, entende mais de futebol do que toda a crônica esportiva. Se parasse por aqui, Kalil já seria o melhor presidente do século XXI, mas a gestão Kalil nos permite criar expectativa de ver bem mais do que estamos vendo, ver uma virada nos rumos do Atlético que é espetacular e, sobretudo para os que achavam que o Atlético "não tinha jeito", rápida.

O porteiro pode dormir tranquilo e com a certeza de que se arrependerá de ter comemorado a eleição de Kalil como um gol.